A cidade de Joaçaba, no Meio Oeste, sediou, na última sexta-feira (08), o Seminário “Autismo: Conhecer para Incluir”. O evento, promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa, reuniu, no auditório da Unoesc, profissionais das áreas da saúde, educação e assistência social que atuam com pessoas com deficiência. O objetivo é preparar esses profissionais para atuarem na inclusão educacional de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
De acordo com o presidente da comissão, deputado Dr. Vicente Caropreso, de 2019 para cá, mais de 26 mil profissionais participaram dos eventos promovidos pela Alesc. “O objetivo é levar informação de alta qualidade para os profissionais e para as famílias. Nós sabemos que o Transtorno do Espectro Autista é ainda uma condição que não é bem conhecida e isso atrapalha o desenvolvimento da criança. Então é fundamental a realização de seminários como esse para disseminar informações sobre diagnóstico precoce, definições e cuidados que se dever ter com crianças com TEA”.
Evento em Joinville
A Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência vai seguir capacitando os profissionais que atuam com pessoas autistas. O próximo evento será no dia 25 de abril, em Joinville, com o seminário “Transtorno do Espectro Autista: Diagnóstico, Família, Conscientização e Inclusão”.
Brasil é Modelo
A capacitação foi conduzida pelo psicólogo e especialista em transtornos psicopatológicos na infância e adolescência, José Raimundo Facion. Com mais de 45 anos atuando na área e com experiências em diversos países, o psicólogo afirma que o Brasil está muito à frente na experiência de inclusão escolar de crianças com TEA.
“Nem os norte-americanos são tão bons quanto nós na experiência da inclusão desses alunos. O problema é a compreensão teórica e metodológica. Grande parte das escolas brasileiras ainda não têm infraestrutura e não têm pessoal qualificado. Além das dificuldades que as nossas escolas têm tido no manejo quanto a excessos nos problemas comportamentais das crianças autistas, como agitação, não querer ficar em sala de aula, apresentar movimentos repetitivos, gritos”, declarou Facion.
Desde 2012, o Brasil conta com uma Política de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. O documento garante, nos casos de comprovada necessidade, o direito de criança autista matriculada em escola regular de ter acompanhante especializado em sala de aula. O problema, na opinião de Facion, é a dificuldade em encontrar profissionais capacitados para essa função.
“Se o acompanhante pedagógico na sala de aula não consegue entender primeiramente o que é o autismo, de onde vem, quais são os sintomas cardeais, não vai estar preparado. E a nossa lei obriga que em cada sala de inclusão tenha um acompanhante pedagógico. Mas nem sempre esse profissional é instruído e orientado. Então as nossas falhas hoje estão justamente na forma de procedimento e na orientação e supervisão das pessoas nas escolas que lidam com crianças autistas”, disse.
Novas diretrizes
Durante o seminário, foram divulgadas as novas diretrizes dos Centros de Atendimento Educacional Especializado do Estado de Santa Catarina para Transtorno do Espectro Autista, lançadas no final de março pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE). O documento foi apresentado pela coordenadora do Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista (Cetea), da FCEE, Mariele Finatto. A publicação abrange, principalmente, ferramentas baseadas em intervenções com eficácia científica comprovada para embasar o trabalho dos profissionais que atuam com TEA.
“O documento traz toda a estrutura e funcionamento necessários para o atendimento desse público nas instituições. E, mais do que isso, traz um entendimento de perfil cognitivo para que seja entendido o estilo diferente de aprendizado da pessoa com autismo. Abrange também o conhecimento científico sobre práticas mais assertivas, baseadas em evidências para autismo e elementos do programa TEACCH (que leva em consideração que os autistas são aprendizes visuais e por isso os professores devem adaptar o estilo de ensino e as estratégias de intervenção)”, explicou Mariele.
As novas diretrizes dos Centros de Atendimento Educacional Especializado do Estado de Santa Catarina – Transtorno do Espectro Autista podem ser conferidas no site da FCEE (https://www.fcee.sc.gov.br/