“Uma nova onda vai pressionar o sistema de saúde, que já opera no limite”
O deputado estadual Dr. Vicente Caropreso (PSDB) está preocupado com os impactos de uma 3ª onda de Covid-19, num cenário em que ainda há fila de espera por uma vaga em leito de UTI. Ele aproveitou a presença de representantes da Secretaria de Estado da Saúde na reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira, 26, para questionar sobre as ações que o governo estadual está tomando diante do registro de aumento na curva de casos ativos da doença e a descoberta de novas variantes, mais contagiosas e letais.
“Uma nova onda vai pressionar o sistema de saúde, que já opera no limite. Queremos saber como Santa Catarina está se preparando para isso. Passamos pelo fio da navalha no auge do segundo pico, entre março e abril”, recordou. O deputado relatou que os índices de ocupação de UTIs são de 95% na maioria das regiões e continuam em 100% na região Oeste.
O deputado questionou qual é a postura do Estado para que não faltem os medicamentos anestésicos do kit intubação; como estão os respiradores pulmonares adquiridos pelo Estado e repassados aos hospitais; se haverá condições técnicas, financeiras e de recursos humanos para abertura de novos leitos de UTI; e se o governo está reforçando as ações de fiscalização das normas sanitárias de conscientização. Dr. Vicente também comunicou que irá convidar o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, para explicar as ações planejadas frente a um possível novo agravamento da pandemia.
O diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, Eduardo Macário, afirmou que houve aumento no número de casos em relação ao que havia sido projetado para as últimas semanas. “Não são exageradas as projeções que fazemos. É realidade. A terceira onda vem se desenhando em Santa Catarina. O Estado precisa estar alerta a essa possibilidade, que coincide com chegada do inverno, onde há aumento de casos de problemas respiratórios”, explicou.
Já o secretário-adjunto da Saúde, Alexandre Lencina Fagundes, respondeu afirmando que a secretaria busca ampliar os estoques de medicamentos anestésicos e bloqueadores musculares e que hoje trabalha com estoque mínimo para 30 dias. Uma licitação de compra internacional está aberta e foi solicitado ao governo federal o envio de mais medicamentos.
Ele acrescentou que a secretaria dá suporte à rede hospitalar contratualizada e à rede filantrópica, que soma 61 hospitais, em momentos críticos, mas que o Estado não tem capacidade de fazer a manutenção de equipamentos de toda a rede.
Fiscalização e Máscara
Fagundes ressaltou que o governo vai intensificar a fiscalização para manter o regramento sanitário e destacou a importância do uso da máscara. “Não é um equipamento de segurança apenas individual, ele é coletivo, é fundamental o seu uso para diminuir a circulação do vírus.” Ele também fez um desabafo: “Parte da sociedade não entende a gravidade da situação. Burlam as regras, restaurantes viram baladas. É preciso apertar a fiscalização para diminuir o impacto de uma terceira onda.”
Tempo de proteção da vacina
Dr. Vicente revelou preocupação com a duração do tempo de proteção das vacinas aplicadas no Brasil. Citou o caso da vacina da Pfizer – os estudos clínicos de proteção do imunizante desenvolvido mostram que ela manteve os níveis de anticorpos por pelo menos seis meses após a segunda dose. “Corremos o risco de nem ter concluído a vacinação da população alvo e quem se vacinou por primeiro ter que fazer mais uma dose. O Brasil precisa estar preparado para vacinar a população de forma contínua, como é o caso da vacina da gripe.”
O diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde concordou com o parlamentar. Afirmou que ainda não há dados robustos que determinem o tempo total de proteção das vacinas que estão sendo utilizadas no país, mas ele acredita que a vacinação contra a Covid-19 terá que acontecer anualmente. E que a prioridade agora é vacinar todas as pessoas acima de 18 anos com duas doses. “Se for pensar em vacinação anual, o governo federal precisa se planejar para isso neste momento, para que em 2022 tenha vacina disponível para a população.”