Nasci no dia 1º de setembro de 1956, no Hospital Santa Isabel, em Blumenau/SC. Sou filho de um engenheiro, João Caropreso, e de uma professora primária, Stella Maria Caropreso. Ele natural de Curitiba/PR, ela de Florianópolis/SC. Eles se conheceram e casaram em Blumenau, tiveram 3 filhos, sou o filho do meio. Meu irmão mais velho, já falecido, tinha uma deficiência mental grave derivada de uma meningite que teve aos 10 meses de idade. Isso fez com que meus pais buscassem vários caminhos para tratá-lo. Para trazê-lo para perto de casa, trataram de fundar a APAE1 em 1965, em Blumenau – a segunda APAE de Santa Catarina – a qual administraram por 8 anos até 1973.
Estudei em escolas particulares, tive a graça de estudar no Colégio Barão do Rio Branco, no centro de Blumenau, depois no colégio Santo Antônio e me formei em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1979, em Florianópolis. Fiz a residência médica em Neurologia em Curitiba de 1980 até 1983. Meu primeiro emprego foi no 23º Batalhão de Infantaria em Blumenau, na época da grande enchente que assolou a cidade, causou muitas mortes e um prejuízo incalculável. Trabalhamos duramente no atendimento aos atingidos, um período em que fiz muitos amigos. Logo depois, fui convidado e comecei a trabalhar no INAMPS2 em Blumenau. No meio daquele ano fui convidado a vir para Jaraguá do Sul/SC onde, desde 1984, trabalho como médico neurologista em meu consultório, nos hospitais e como médico voluntário da APAE.
Marcou muito em minha adolescência um episódio com meu pai. Ele era engenheiro civil, tinha uma empresa em Blumenau e também foi funcionário público federal. Quando terminou um grande trabalho em 1970, em Blumenau, ele retomou suas atividades como Chefe do Porto de Itajaí/SC. Naquela época, em 1971, no auge da ditadura militar, ele discordou de algumas ordens do chefe administrativo do porto que raramente comparecia ao serviço e desconhecia a realidade do trabalho – ele era sobrinho-neto do então Presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici, que o havia nomeado. O chefe de Segurança do Porto, um capitão da Marinha, protegendo o sobrinho do presidente exigiu que meu pai obedecesse cegamente suas ordens. Meu pai recusou-se, argumentando que iriam causar prejuízos ao porto. Entrou em atrito com o capitão, foi chamado de terrorista por ele e retrucou dizendo que terrorista era quem colocava pessoas incompetentes na administração pública federal. Esse episódio gerou seu afastamento do cargo e teve seu salário diminuído por 5 anos. Ele, já com a saúde debilitada, foi obrigado a enfrentar uma situação financeira muito ruim, o que causou sérias dificuldades à nossa família. Hipotecamos nossa casa e tivemos que nos privar de muitas coisas.
Meu pai foi uma pessoa extremamente correta, seguidor das leis, nunca fez nada que pudesse denegri-lo; ele e minha mãe, pelo contrário, sempre trabalharam pelo desenvolvimento de entidades filantrópicas, como a APAE e os clubes de serviço dos quais participaram. Foi pesado viver aquela injustiça, que não podia ser levada a público, por afrontar o poder militar. Tínhamos medo, havia mesmo o risco de perder a vida. Eu senti isso muito de perto; ver e sentir o que uma injustiça pode fazer com uma pessoa foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. Talvez minha inclinação pela vida pública tenha se originado dessa experiência.
Minha atividade política começou nesta época, dentro do Colégio Santo Antônio, no 2º ano do Científico. Depois, na Faculdade, também fiz um grande trabalho associativo, de reuniões estudantis. Participei da organização e fui presidente do Congresso do Curso de Medicina em 1978, uma jornada em que os estudantes de medicina puderam apresentar trabalhos científicos e demonstrar toda a iniciação científica adquirida na universidade.
Tudo isso foi se concretizando, amadurecendo e, depois de formado, a minha vida profissional esteve desde o seu início muito ligada ao associativismo – Associação Médica de Jaraguá do Sul, Sindicato Médico de Jaraguá do Sul, na direção dos hospitais, em movimentos sociais para planejar o orçamento e o desenvolvimento da cidade e da região – isso tudo fez com que eu desse os meus primeiros passos na política partidária.
Em 1990 me envolvi com o Projeto Jaraguá 2010 dando palestras e participando das tomadas de decisão sobre o futuro do município. Em 1991 me filiei ao PSDB, partido ao qual sempre pertenci – quem assinou minha ficha foi o ex-senador Dirceu Carneiro, de Lages/SC, uma pessoa pela qual tenho um grande respeito. Em 1992 me candidatei a Vereador, não me elegi por 12 votos, por falta de legenda do PSDB. Em 1996 fui eleito Vereador e assumi como líder do governo na Câmara, durante o governo do Prefeito Geraldo Werninghaus. No meio do mandato me candidatei a Deputado Federal e fui eleito, em uma eleição totalmente distrital: 70% dos meus votos vieram de Jaraguá – foram 32.365 votos em Jaraguá dos 47.890 que me elegeram em 1998.
O mandato de Deputado Federal foi uma experiência enriquecedora, de muito trabalho e bons resultados. Recebi vários títulos honorários de cidades, instituições e associações por minha atuação. O jornal Folha de São Paulo, por 3 anos seguidos, me destacou como um dos deputados mais atuantes do país:
Em 2002, ano da vitória de Lula e da “onda vermelha”, faltou legenda ao PSDB, além disso, durante a campanha, enfrentei uma difamação baseada em fato inverídico. Em minha defesa, entrei com um processo na Justiça que ganhei, 8 anos depois, mas minha imagem já fora prejudicada, por isso não fui reeleito. Em 2004 fui candidato a Prefeito, também sem sucesso.
Em 2014 fui eleito Deputado Estadual, uma votação altamente distritalizada de novo: conquistei 50% dos votos na cidade de Jaraguá do Sul.
Na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina assumi a Presidência da Comissão de Proteção aos Direitos da Criança e do Adolescente durante dois anos (2015 e 2016), onde tivemos como focos centrais a situação do jovem em conflito com a lei e suas condições de privação de liberdade e reintegração na sociedade; e outro grande objetivo foi a adoção, sobretudo a adoção tardia. Miramos ainda o aumento da arrecadação do FIA (Fundo da Infância e Adolescência) – tão importante para a implantação de programas de proteção às crianças e aos jovens nos municípios.
Como vice-presidente da Comissão de Saúde, também trabalhei fortemente pela aprovação do aumento de percentual do Orçamento do Estado para a Saúde, ampliando-o de 12% para 15% em 3 anos, de forma escalonada – uma grande vitória que expande o volume de recursos destinados à Saúde.
Na Comissão de Proteção Civil fui o Relator da PEC 0011.1/2011, com vistas a estabelecer estímulo e apoio do Estado aos Corpos de Bombeiros Voluntários.
Atuei também como membro da Comissão de Prevenção e Combate às Drogas e executei dezenas de outras ações legislativas. Para mais informações sobre estas e outras atividades parlamentares, acesse o seguinte endereço:
Em janeiro de 2017, aceitei convite feito pelo Governador Raimundo Colombo e assumi o cargo de Secretário de Estado na pasta da Saúde, uma Secretaria que passa por dificuldades financeiras causadas pela crise econômica do país e também por alguns problemas estruturais idiossincráticos. Implantamos uma mudança de gestão, de forma a organizar o setor e fazer diagnósticos mais apurados de cada situação – seja dos hospitais públicos, do relacionamento do público com o privado, do incentivo aos hospitais filantrópicos – buscando soluções para que todo o processo da saúde pública desemboque em um atendimento de melhor qualidade para o cidadão, embora tenhamos em Santa Catarina um dos melhores atendimentos do SUS no país, isto reconhecido pelo próprio Ministério da Saúde.
No momento em que escrevo esta autobiografia para a Escola do Legislativo, seguimos empenhados nessa tarefa de auditoria e implementação das medidas saneadoras necessárias para um melhor funcionamento da Secretaria de Estado da Saúde.
*Texto produzido pelo Deputado Dr. Vicente Caropreso.
Atualização:
Nas eleições ocorridas em 2018, Dr. Vicente Caropreso foi reeleito Deputado Estadual à Assembleia Legislativa catarinense, com 40.132 votos, pelo PSDB, o candidato mais votado de seu partido.