Equilíbrio e sensatez, todo líder deve ter.
Há pessoas que acreditam em suas próprias mentiras, em suas próprias fantasias, até que a realidade se impõe sobre elas. O problema é quando essa pessoa segura o “timão” de uma nação.
Escutei atentamente o pronunciamento do presidente da República na noite de ontem. Fiquei preocupado.
Primeiro, por eu ter mais de 60 anos, perfil da população com que o presidente parece não se preocupar. Segundo, por ele não ter entendido a necessidade do isolamento social para retardar o pico de transmissão do coronavírus.
Bem, eu explico: Vários Estados Brasileiros, a exemplo de outros 156 países, suspenderam as aulas e promoveram medidas para conter a movimentação das pessoas. O objetivo é evitar que um número grande de pessoas sejam infectadas ao mesmo tempo, sobrecarregando hospitais.
Nosso sistema público já opera quase no limite (80%) e é preciso lembrar que as doenças cardiovasculares, as doenças crônicas e os acidentes de carro e motocicleta não vão parar de acometer as pessoas. É vital evitar o colapso, pelo menos em relação à assistência hospitalar intensiva, que é equipada com respiradores artificiais. Caso contrário, muitos ficarão sem atendimento à mercê da própria sorte.
Ir na contramão disso, como fez o presidente em seu pronunciamento à nação, menosprezando medidas de segurança e estimulando que as pessoas se exponham ao vírus é, no mínimo, irresponsável. Como permitir que uma criança vá para a escola, onde há grande chance de se contaminar e trazer o vírus para sua casa, se há idosos que são mais suscetíveis ao coronavírus?
Sensatez nunca fez mal a ninguém. Eu acredito que todos, assim como nosso presidente, estão preocupados com a economia do país, com os empregos, com as nossas empresas, microempresas, com o trabalho dos autônomos e a com a renda das famílias. É verdade, o colapso econômico trará severas consequências. Da mesma forma que tratar com desdém o avanço do coronavírus.
O que se espera de líderes e gestores públicos é que busquem com afinco o equilíbrio entre o controle da doença e a retomada da economia. De tal forma que possamos conviver com essa realidade e com a existência desse vírus que ataca o mundo nesse momento, com segurança e com hábitos saudáveis.
Nosso país possui mais de 350 bilhões de dólares em reservas internacionais, não precisa deixar ninguém pelo caminho.
Escolher entre a economia crescer a qualquer custo, mesmo que isso signifique a morte de milhares é cruel demais.
Gostaria muito de ver o presidente em rede nacional falando de suas ações, informando com transparência os dados e tranquilizando a população.
Confundir e ideologizar a situação é totalmente reprovável.
Uma dica importante: Não tente ser um “machão do coronavírus” como o presidente. Lembre-se, até o super homem teme a criptonita. O vírus é forte, “não é uma fripezinha”, transmite uma pneumonia. Pneumonia mata, e essa mata mais que as gripes fortes. Não minimizemos a gravidade da situação.